O Poder da música na Espiritualidade

A música e sua origem divina:

De acordo com escrituras e mitologias de todos os povos a música, assim como as demais expressões da arte foram trazidas aos homens pelos deuses. Na remota antiguidade, a música era empregada com a sagrada finalidade de reverenciar o Ser Supremo. Sua finalidade era a de expressar as cosmogonias, elevar a alma humana às alturas das esferas espirituais. Todas as expressões artísticas desenvolveram-se á luz dos ritos iniciáticos, com a finalidade de expandir a consciência dos iniciados durante as cerimônias sagradas, abrindo-lhes a captação psíquica para experiências transcendentes.Com o tempo a arte saiu do âmbito dos templos e do sagrado, vulgarizou-se, caiu na banalização das massas, passando a refletir seus instintos inferiorizados, anseios embrutecidos e a desmesurada ambição pelo lucro e a fama.A harmonia coloca a alma sob o poder de um sentimento que a materializa (Do Espírito do Maestro Rossini, a Allan Kardec através do codificador).

"Visto que nos encontramos neste estado degradado de imperfeição moral, será melhor sermos práticos, harmonizarmos nossa música e, pelo mesmo processo, começarmos a compor uma nova e melhor forma de arte. Uma arte de acentuada sublimidade poderá, por si só, levar-nos de volta aos céus”. (Bach)."Sinto-me obrigado a deixar transbordar de todos os lados às ondas de harmonia provenientes do foco da inspiração. Procuro acompanhá-las e delas me apodero apaixonadamente; de novo me escapam e desaparecem entre a multidão de distrações que me cercam. Daí a pouco, torno a apreender com ardor a inspiração; arrebatado, vou multiplicando todas as modulações, e venho por fim a me apropriar do primeiro pensamento musical. Tenho necessidade de viver só comigo mesmo. Sinto que Deus e os anjos estão mais próximos de mim, na minha arte, do que os outros. Entro em comunhão com eles, e sem temor. A música é o único acesso espiritual nas esferas superiores da inteligência”. (Beethoven).O presente estudo pretende refletir sobre a influência que a música, assim como as artes em geral, exercem sobre o comportamento espiritual do ser humano.

O poder oculto da música:

Hoje sabemos que basta estarmos no campo audível da música para que sua influência atue constantemente sobre nós, acelerando ou retardando, regulando ou desregulando as batidas do coração; relaxando ou irritando os nervos; influindo na pressão sanguínea, na digestão e no ritmo da respiração, exercendo alterações sobre os processos puramente intelectuais e mentais.
A música influi no caráter do indivíduo e, ao influir em seu caráter, significa alterar o átomo ou unidade básica - a pessoa - com a qual se constrói toda a sociedade.

Os grandes sábios da China antiga até o Egito, desde a Índia até a idade áurea da Grécia acreditavam que há algo imensamente fundamental na música que lhe dá o poder de fazer evoluir ou degradar completamente a alma do indivíduo e, desse modo, fazer ou desfazer civilizações inteiras.

Assim, "uma inovação no estilo musical tem sido invariavelmente seguida de uma inovação na política e na moral", conclui um estudioso moderno. 

Lembra o espírito de Rossini ao codificador do espiritismo que a embriaguez do êxito, a complacência dos amigos e as lisonjas dos cortejadores muitas vezes lhe tiraram o meio de reconhecer suas fraquezas morais, turvando-lhe o discernimento sobre a sublime finalidade da arte musical.

Numa posterior comunicação ele volta para expor suas novas idéias. Começa redefinindo o conceito de harmonia, comparando-a com a luz. Assim ele se expressa: "Fora do mundo material, isto é, fora das causas tangíveis, a luz e a harmonia são de essência divina. A posse de uma e outra está na razão dos esforços empregados para adquiri-las, elas que são duas sublimes alegrias da alma, filhas de Deus e, portanto, irmãs", querendo dizer com isso que um refinado executante ou ouvinte de música, do ponto de vista espiritual, é alguém que conquistou algo de luz e harmonia em si mesmo. 

A harmonia é um sentido íntimo da alma:

O espírito de Rossini inicia sua mensagem propondo um novo conceito sobre a expressão HARMONIA, comparando-a com a luz. Para ele, ambas são umas espécies de sentidos íntimas da alma, estados transcendentes do ser. Explica que a alma é apta a perceber a harmonia, mesmo sem o auxílio de qualquer instrumentação, como é apta a perceber a luz sem o concurso das combinações materiais.
"Quanto mais desenvolvidos são esses sentidos íntimos da alma, tanto melhor percebe ela a luz e a própria harmonia", ensina.

A música sempre causa impressões nos que a ouvem traduzida. Essas sensações são a harmonia. A música as produz. As sensações são efeito da música. Esta é posta a serviço do sentimento para ocasionar a sensação. O sentimento, na composição, é a harmonia; a sensação. No ouvinte, é também a harmonia, com a diferença de que é concebida por um e recebida pelo outro. A música é o médium da harmonia. Ela a recebe e a dá, como o refletor é o médium da luz, como tu és o médium dos espíritos. É concebida pela alma e transmitida à alma “.

A música exerce influência sobre a alma e seu progresso:

"A harmonia (expressa pela música) coloca a alma sob o poder de um sentimento que a desmaterializa". Isto significa que a harmonia expressa pela boa música, acelera nossas vibrações, permitindo-nos sentimentos de acesso espiritual a dimensões que não conseguimos alcançar comumente.

Lembre-se sempre de que na sua Tenda, o canto com o equilíbrio das notas musicais ajudam em muito no desenvolvimento espiritual não só daqueles que são médiuns, mas também aqueles que recebem as suas vibrações sonoras.

Concluímos, portanto, que a música superior contribui para a elevação espiritual do ouvinte - ou do executante - quando dela sabe-se tirar bom proveito.